ATA DA VIGÉSIMA SEXTA SESSÃO SOLENE DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 13.09.1990.

 


Aos treze dias do mês de setembro do ano de mil novecentos e noventa reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Vigésima Sexta Sessão Solene da Segunda Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura, dedicada a homenagear o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense em razão do Hexacampeonato de Futebol do Rio Grande do Sul, bem como o transcurso de seu Octogésimo Sétimo aniversário ­de fundação. Às dezessete horas e trinta e sete minutos, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e solicitou aos Líderes de Bancadas que conduzissem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Ver. Valdir Fraga, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Dr. Daiçon Maciel da Silva, representando o Secretário de Estado da Secretaria de Indústria e Comércio; Dr. Paulo Odone de Araújo Ribeiro, Presidente do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense; Dr. Pageú Macedo e Silva, Vice-Presidente do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense; Dr. Luiz Carlos Silveira Martins, Vice-Presiden­te Jurídico do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense; Prof. João Severiano, ex-jogador do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense; Sr. Celso Farias, Representante da Torcida Organizada do Clube homenageado; Ver. Wilson Santos, Secretário "ad hoc". Após, o Sr. Presidente fez pronunciamento alusivo à solenidade e registrou as presenças, em Plenário, dos ex-atletas Airto Ferreira da Silva; Atílio Genaro Anchieta, e do atual treinador do Grêmio Foot-Ball Porto-Alegrense, Sr. ­Evaristo Macedo. Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. A Verª Letícia Arruda, em nome da Bancada do PDT, discorrendo sobre a conquista do Hexacampeonato pelo Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, falou da honra, da glória e do orgulho, que esse clube enseja a seus torcedores. Destacou e registrou nomes de pessoas que muito têm contribuído para o sucesso do clube e, citando versos do compositor Lupicínio Rodrigues, "com o Grêmio, onde o Grêmio estiver", saudou-o pela passagem de seu octogésimo sétimo aniversário de fundação. O Ver. Edi Morelli, em nome da Bancada do PTB, narrou fatos relativos à fundação e história do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense e da sua importância social para a comunidade do Estado e do País. Salientou sua trajetória de glórias, asseverando que essas já ultrapassaram os limites do País. E parabenizou os dirigentes, atletas, funcionários e torcedores do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense pela conquista do hexacampeonato e pela passagem do octogésimo sétimo aniversário de fundação. O Ver. Clóvis Ilgenfritz, em nome da Bancada do PT, discorrendo sobre atividades que desenvolveu junto ao Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, pa­rabenizou o Clube pela conquista de mais um campeonato e pelo octogésimo sétimo aniversário de fundação. Analisou a importância do futebol enquanto arte, cultura e esporte que projeta o Brasil e faz parte da vida deste povo, salientando a contribuição do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense nesse cenário. O Ver. João Dib, em nome das Bancadas do PDS e PFL, congratulou-se com o Ver. Wilson Santos pela iniciativa de homenagear o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense. E, citando palavras do Jornalista Ataíde Ferreira, analisou o crescimento, a popularização e importância desse clube, não apenas como fator social e “potência futebolística" mas também como "patrimônio econômico-financeiro”. Historiou, ainda, momentos relativos à trajetória do Clube e analisou o significado de ser torcedor desse time. E o Ver. Wilson Santos, como autor da proposicação e em nome das Bancadas do PL, PMDB e PSB, asseverando ser torcedor do Sport Club Internacional, discorreu sobre os motivos que o levaram a propor a presente homenagem. Salientou a importância do futebol como esporte e cultura para o brasileiro e analisou o papel desempenhado pelo Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense nesse cenário. Parabenizou a diretoria, equipe de atletas e torcida gremista pela conquista do hexacampeonato e pelo aniversário de fundação do Clube e, citando pensamento de Douglas Maloch, asseverou  "homenageei sinceramente o que de melhor temos hoje no cenário do futebol do Rio Grande do Sul e quiçá do Brasil”. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Dr. Pageú Macedo e Silva, Vice-Presidente do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense que, em nome da Diretoria, funcionários e torcida, agradeceu a homenagem prestada. Em continuidade, o Senhor Presidente procedeu à entrega, ao Dr. Paulo Odone de Araújo Ribeiro, Presidente do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, de exemplar da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre. Às dezoito horas e vinte e nove minutos, o Senhor Presidente convidou as autoridades e personalidades presentes a passarem à Sala da Presidência e, nada mais havendo a tratar, levantou os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Ver. Valdir Fraga e secretariados pelo Ver. Wilson Santos, Secretário "ad hoc". Do que eu, Wilson Santos, Secretário "ad hoc", determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1º Secretário.

 


O SR. PRESIDENTE: O Legislativo Municipal assinala, nesta tarde, com muito orgulho, mais um grande acontecimento: a comemoração dos 87 anos de existência do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense. Esta festa não é só da grande torcida gremista, mas, sim, do próprio esporte brasileiro que tem na entidade que hoje homenageamos um dos seus mais destacados integrantes, uma referência, mesmo, do próprio futebol.

Daquele distante 15 de setembro de 1903, um grupo de pioneiros embalou o nascimento do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, até hoje, rolou quase um século, ao longo do qual o amor à gloriosa camiseta gremista foi uma constante.

Os frutos dessa veneração de dirigentes, atletas e torcedores aí estão hoje: colecionador de títulos do campeonato gaúcho, campeão nacional por mais de uma vez, notáveis atuações internacionais, culminando com a conquista mundial interclubes, em Tóquio, afora um patrimônio fantástico consolidado. Gremista confesso, sinto-me orgulhoso, neste momento, de poder participar dessa solenidade. Em nome desta Casa, meu respeito e meu aplauso aos dirigentes e demais integrantes do glorioso Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, vigorosa agremiação que tanto tem feito pela grandeza desta Cidade. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Passamos a palavra a Verª Letícia Arruda, que falará em nome do PDT.

 

A SRA. LETÍCIA ARRUDA: Por que se ama a casa onde se nasce, a rua onde moramos, a comunidade onde se atua? Pela convivência, pelas raízes, pelo tempo em que se vive juntos, nos momentos tristes, na alegria, na dor e na felicidade. Creio que é a síntese destes sentimentos  que nos faz amar e ter apego por alguém ou alguma coisa. E é justamente o elenco destas sensações que nos torna filiados a uma entidade, a um clube ou a uma associação.

Só assim se pode tentar explicações para esclarecer o sortilégio, a magia, o encanto de ser gremista.

Ser gremista é isto: viver em estado de êxtase, explodir em megatons de felicidade, quando se conquista o campeonato do mundo ou, atualmente, quando, juntos nesta Sessão Solene, festejamos a conquista do campeonato gaúcho de 1989, numa seqüência de seis anos de vitórias semelhantes. Hexacampeão para quem foi muito mais além em suas conquistas é, assim mesmo, um feito respeitável. Contudo, o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, que completa, neste ano, suas 87 primaveras, traz em seu acervo lauréis que o destacam no cenário esportivo do país e do mundo.

Da antiga e histórica Baixada até o Estádio Olímpico dos dias atuais, o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense é um desfilar de vitórias, mas sobretudo, uma saga de lutas, de trabalho, de nomes que souberam, com ardor, com desprendimento, com coragem e audácia, colocar bem alto o pavilhão tricolor.

De Martim Aranha, que honrou com sua inteligência esta Casa, ao Paulo Odone, de Osvaldo Rolla e Evaristo, de Eurico Lara ao Gomes, de João Severiano, que também emprestou seu talento a esta Câmara, ao aguerrido Assis e a todos os bravos mosqueteiros, a minha saudação e da minha Bancada que represento, nesta feliz oportunidade.

Acredito que destacando os nomes que registrei, tenha falado por todos quantos fizeram pelo Grêmio.  Foram muitos e seria impossível enumerá-los todos.

Mas o que torna grande o nosso querido tricolor são as pequenas parcelas de amor de cada um torcedor que, somados aos milhares outros, impele para a frente o nosso clube, o transforma em máquina de fazer vitórias. E, deste modo, com sua imensa torcida, aliada à tenacidade de seus dirigentes e à garra de seus jogadores, o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense chega aos 87 anos de vida, pleno de glórias, acumulado de triunfos.

Dentro deste diapasão, no exame rápido de sua história, o Grêmio se torna “o imortal tricolor” dos versos de seu hino. E, sem dúvida, torna-se fácil para seu torcedor dele ter orgulho, tão grande e elogiável sua trajetória no futebol gaúcho, brasileiro e de todo o Mundo.

As inumeráveis conquistas ao longo de seus 87 anos, granjeou-lhe o respeito de todos, a admiração de milhares e a certeza a nós, torcedores, que ainda vamos escrever incontáveis páginas de grandes feitos.

O Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense já deixou de ser um simples time de futebol e passou, há muito, a ser o marco, o exemplo do quanto pode  uma associação de valores, quando se une dignidade, esforço, inteligência e, acima de tudo, garra. Tenho certeza que ao longo de sua bela história, o Grêmio traz seu símbolo maior: a garra, o seu imbatível espírito de luta. Estas são, ao meu ver, as grandes marcas do meu Grêmio.

Por tudo isto, me é altamente gratificante, saudar o Grêmio, quando, nesta Casa, represento igualmente, todas as mulheres gremistas.

Tenho a mais absoluta certeza de que, como até agora, ainda, durante toda minha vida, receberemos todos nós explosões de alegria, delírios de vitórias.

Mas, acima de tudo, creio que todos quantos amam o nosso Grêmio, mesmo em esporádicos momentos de aflição ou ansiedade, estaremos juntos, conforme o que se tornou , já um lema de nosso clube, e que se traduzem, com clareza e realidade, nos versos do saudoso Lupi: "Com o Grêmio, onde o Grêmio Estiver".

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Edi Morelli, em nome da Bancada do PTB.

 

O SR. EDI MORELLI: Neste dia 13 de setembro de 1990, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em nome de todas as suas Bancadas, dedica sua homenagem ao Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, Diretoria, atletas, funcionários e torcida tricolor, por terem alcançado o Hexacampeonato Gaúcho, bem como pelo transcurso de seu 87º aniversário de fundação.

É com imensa alegria que registramos esta conquista, significativa e marcante, que traduz em sua história um triunfal passado de glórias e um futuro cheio de esperanças à conquista de novos títulos.

O Grêmio estruturou sua grandeza fundamentado nas aspirações de seus fundadores, que foram Augusto Kock, Guilherme Kallfeltz, Carlos Luiz Boher, seu primeiro Presidente e Oswaldo Siebel, segundo Presidente, entre tantos outros que ficaram na história do nosso querido tricolor.

Em 15 de setembro de 1903, estes homens lançaram a pedra fundamental desta gloriosa agremiação. Nesta época, o futebol era apenas conhecido pela exibição que haviam feito os riograndinos, na várzea, no dia 7 de setembro. Esporte que não tinha divulgação, a não ser aquela realizada pelos próprios interessados, possuía, como local de difusão, a alfaiataria Boher, na Rua da Praia, e a sapataria Kallfeltz, no então Beco do Rosário. Eram ali que se encontravam os tricolores para programarem os treinos. O primeiro foi realizado no fim da linha da Glória, ao lado do Morro da Polícia e, depois, houve um ensaio na várzea do Gravataí, onde hoje está localizado o Aeroporto Salgado Filho.

Depois, foram treinar no 4º Distrito, na Rua Dr. Timóteo e, finalmente, na baixada do Moinhos de Vento. Cansados de tanto mudar de lugar, compraram por dez contos a área que era ocupada pela Vila Caiu do Céu, onde construíram o Olímpico Monumental.

Quando completa 87 anos de gloriosa existência, a lembrança das figuras luminares do tricolor gaúcho, suas realizações e seu trabalho, faz renovar a prodigiosa história do Grêmio, nascido sobre a invocação do futebol simbolizado na bola que orna a bandeira tricolor. O Grêmio, com sua trajetória de glórias, ultrapassou os limites de seu Estado e País, como Campeão da América e Campeão do Mundo, sendo reconhecido mundialmente como integrante destacado dos grandes clubes.

Finalizando esta homenagem, quero dar meus parabéns à Diretoria, atletas, funcionários e à imensa torcida tricolor pela conquista do Hexacampeonato de Futebol do Rio Grande do Sul, bem como pelo transcurso do seu Octagésimo Sétimo aniversário de fundação.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:  Está com a palavra o Ver. Clovis Ilgenfritz pela Bancada do PT.

 

O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Companheiros Vereadores e funcionários da Casa. Eu tinha solicitado ao Ver. Wilson Santos que falasse pela nossa Bancada porque estava com uma viagem marcada e não havia como transferi-la naquele momento, mas trago aqui, transparentemente, a emoção que senti ao ouvir o discurso da Verª Letícia Arruda depois do qual ia me retirar e queria dizer para todos os gremistas aqui presentes, especialmente ao meu grande amigo Paulo Odone, que compartilhou comigo no Conselho do Plano Diretor, da minha enorme alegria de ter tido a capacidade de transferir minha viagem e voltar aqui e usar esta tribuna para saudar o meu Grêmio também, saudar a todos os senhores. Sou do tempo do Geada, do Tesourinha, sou antigo, do tempo do Airton, mais recentemente, do Juarez, do Joãozinho, do famoso Joãozinho, e de tanta gente bonita, não só da área do futebol no Grêmio, mas de todos os outros esportes, e do convívio que aquela coletividade proporciona e o exemplo que ela dá ao nosso Estado e ao País. Eu me orgulho de ser gremista, então fiz questão de trazer aqui, de viva voz, o nome do Partido dos Trabalhadores, e aí tem um outro detalhe, o João Motta, que é o nosso Líder, me chamou há dias atrás e disse: “Clovis és tu que vais falar, tu és o gremista dá turma; no dia do Colorado fui eu” - disse-me ele; eu disse: “sim, vou falar”. Aí aconteceram as questões de viagem e eu não estava em condições. Depois consegui fazer toda essa peripécia e hoje uso a tribuna com muito orgulho para dizer para todos que nós do Partido dos Trabalhadores também achamos muito importante o esporte, que é muito importante tudo isso que está acontecendo aqui hoje, que foi muito bem traduzido pelos discursos que me antecederam, em especial o da Verª Letícia, e que faz parte da vida do nosso povo, da nossa cultura, essa maravilha que hoje também leva o Brasil para todo o mundo que é a arte do futebol que o Grêmio dá exemplo em nosso País. Muito obrigado para todos.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. João Dib, que fala em nome da sua Bancada, o PDS, e do PFL.

 

O SR. JOÃO DIB: "Até a pé nós iremos, para o que der e vier; mas o certo é que nós estaremos com o Grêmio onde o Grêmio estiver".

Essa parte inicial do Hino do Grêmio, de autoria de Lupicínio Rodrigues, hoje é tão famosa como a "Jardineira". Velhos, moços, crIanças, gremistas ou não-gremistas sabem a letra, toda ou pelo menos uma parte.

Isso confirma a popularização do clube que, até festejar o seu cinqüentenário, em 1954, era apontado como uma espécie de sociedade fechada, dirigida e controlada por alguns.  É difícil, hoje, definir o Grêmio. Na inspiração natural, própria dos torcedores, Grêmio é uma religião, uma profissão de fé .

O Patrono Fernando Kroeff sintetizou o tricolor, alguns anos passados: Gremista é um estado de espírito.

O Presidente Flávio Obino não cansa de dizer que o Grêmio é a vida de muitas vidas. Maneiras poéticas, curiosas que, no fim, dizem a mesma coisa: quem é gremista tem o direito de chorar, rIr, gritar, pular e até brigar pelo seu clube e está amparado no fato de ser o que é: gremista.

O tricolor não foi considerado uma espécie de clube fechado sem razão. Um pouco antes de sair da Baixada, preto não jogava e nem era sócio. Não havia uma proibição oficial. Era uma tradição. Mas, como todas as tradições que antipatizam quem as criou, caiu por terra. E não poderia ser de outra forma. Já em 1952, o Grêmio não podia mais continuar sendo uma equipe de futebol de alguns. Crescera demasiado para insistir em preconceitos raciais ou sociais.

Nos dias de jogos, nas sociais ou arquibancadas, tremulam centenas de bandeiras tricolores. O azul, o preto e o branco drapejam, identificando os gremistas, que hoje se contam simplesmente em números. E nos algarismos não se faz mais distinção alguma. São gremistas. Associados, 50 mil em todo Rio Grande do Sul.

Torcedores, são mais de 3 milhões espalhados pelos pampas gaúchos. A mesma coisa acontece nas festas que o clube promove, todos os anos. Na Ilha Grande do Marinheiro, onde está o parque náutico; nas piscinas de novembro a março.

O Grêmio, hoje, é indefinível, como potência futebolística brasileira, pelos feitos, pelo patrimônio econômico-financeiro e pela força popular que se abriga sob a bandeira azul-preto-branco. Estas palavras, escritas pelo brilhante jornalista Ataíde Ferreira, em 1971, há 19 anos, portanto, parecem atuais e são um retrato vivo da pujança do nosso Grêmio. Se atentarmos que nesses 19 anos outras tantas glórias foram obtidas: estaduais, brasileira, sul-americana e mundial, teremos a exata dimensão da grandiosidade da agremiação, como clube e como entidade social.

Por isso, na oportunidade em que, por feliz iniciativa do ilustre Ver. Wilson Santos, esta Casa do Povo comemora os oitenta e sete anos de existência do Grêmio, este Vereador, como torcedor e como Conselheiro, só encontra uma palavra para definir o Grêmio como um todo: Vitória.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra, o Ver. Wilson Santos, que fala pelo PL, PMDB e PSB.

 

O SR. WILSON SANTOS: Neste momento em que a Casa se engrandece, desfilou aqui, primeiramente, uma agremiação político-partidária, o PDT, na pessoa da Verª Letícia Arruda. O Ver. Edi Morelli falou em nome do PTB; o Ver. Clovis Ilgenfritz falou em nome do PT; o nosso querido ex-Prefeito e colega João Antonio Dib falou em nome do PDS e do PFL; falo em nome do meu Partido, o Partido Liberal, e mais o PMDB e o PSB.

Portanto, as Bancadas com assento nesta Casa, a representação máxima da política portoalegrense em consonância com o elevado valor que representa o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense aqui vieram à tribuna, num preito de homenagens em patamar elevado, em conso­nância com a grandeza deste clube.

Quero dizer a todos os gremistas e à torcida, como já disse no ano passado, que eu sou colorado. E se dissesse isto dentro do Estádio Olímpico, evidentemente, que naquilo que está na alma, está na essência deste digladiar de dois clubes que polarizam, as vaias seriam imensas. Mas, aí é que realmente tenho um ardor enorme por este esporte, o futebol, que mexe com a massa, toca no coração e faz explodir as mais diversas emoções. E não estou fazendo aqui nenhum ato de demagogia. No ano passado já tive oportunidade de dizer que esta Casa representa o povo da Cidade de Porto Alegre. E que aqui não tem nenhum Vereador que possa dizer; eu fui eleito pelos gremistas, ou eu fui eleito pelos colorados. O Vereador vem a esta Casa, vem ao Parlamento trazido pelos eleitores. E eu, representando os meus eleitores gremistas e eu representando, sei também, os eleitores e os colorados, como eu, que precisa e aqui eu não vou me auto-elogiar, eu acho que nós devemos perseguir o aperfeiçoamento humano e me coloco numa situação de grandeza, porque precisa subir e se aperfeiçoar como ser humano para poder reconhecer o valor do seu adversário e eu quero reconhecer aqui, sobremaneira, as virtudes, porque eu quero sempre participar de democracia e democracia enseja não um monopólio, ela não enseja somente um lado, ela tem verso e anverso, ela tem lado e lado oposto da moeda, e é no somatório e na convivência desta democracia que nos tornamos grandes de forma que - eu repito, com muita convicção - neste cotejo eu venho aqui porque eu acredito que não se deve competir em nível baixo, ser o menos pior. Acho que nós temos que aplaudir as virtudes para servir como exemplo e balizador, para que a gente possa competir, porque quanto valor eu dou a nossa Cidade, porque o Grêmio leva no seu nome: Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, ele encarna, incrusta em si mesmo a nossa Cidade, e eu desejo que o dia que o meu clube tiver uma Diretoria tão competente quanto a Diretoria do Grêmio, tiver um corpo funcional tão competente quanto o corpo funcional do Grêmio; quando o Internacional tiver um plantel com capacidade técnica, tática e física como tem este grande planteI do Grêmio, quando ele tiver uma orientação técnica tanto quanto é capaz o Evaristo e ele vier a conquistar um campeonato estará ganhando Porto Alegre, porque a disputa estará em alto nível de virtudes e não ao ser ao menos pior. É muito fácil ser o menos pior, o difícil é ser melhor do que o melhor e por ter este princípio e dizer que ele vive em mim é que trago esta filosofia. Paulo Odone, tu que representas aqui todo este contexto de atletas, funcionários, torcida, eu tenho esta filosofia de Douglas Malloch, que diz: (Lê.) “Se não puder ser um pinheiro no topo da colina seja um arbusto no vale; se não puder ser uma árvore seja um ramo; se não puder ser um ramo seja pelo menos um pouquinho de relva, mas seja a relva mais verde e como relva mais verde e como relva dê alegria a algum caminho. Evidentemente, não podemos ser todos capitães temos que ser tripulação também; se não puder ser o sol, seja uma estrela; se não puder ser uma estrada seja uma senda, mas como senda faça alguém trilhar este caminho e leve a algum lugar; se não puder ser almiscar seja apenas uma tília, mas seja a tília mais viva do seu lago. Há grandes obras a serem realizadas e há obras pequenas também. Não é pelo tamanho do que nós fazemos que nós vamos ser grandes ou pequenos. Faça bem a obra pequena ou a obra grande” e aí está o valor e Douglas Malloch diz: “seja, pelo amor de Deus, o melhor no quer que você seja”.        

Então, eu, hoje, propus a homenagem ao melhor que temos hoje em Porto Alegre e no Rio Grande do Sul, que é este majestoso, que é este olímpico Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense. Portanto, me curvo diante desta grandeza e sem constrangimento, despido da menor demagogia, eu no segundo ano consecutivo tomo a iniciativa de homenagear o Grêmio e o faço em consonância com funcionários, minha chefe de gabinete é gremista, um dos maiores gremistas que conheço, que convive no meu dia-a-dia e fez - foi meu cabo eleitoral - que fez com que eu pudesse, com sua parte, que eu estivesse nesta Câmara é o Lauro Nilo Birg, que ali está, que aqui esteve recepcionando a todos. Eu finalizo coerente com este pensamento de Douglas Malloch. Homenageei sinceramente o que de melhor nós temos hoje no cenário do futebol do Rio Grande do Sul e quiçá no Brasil. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao Dr. Pageú Macedo e Silva, Vice-Presidente do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, que fala em nome da entidade homenageada.

 

O SR. PAGEÚ MACEDO E SILVA: Sr. Presidente da Casa, Ver Valdir Fraga, Professor Daiçon Maciel da Silva, demais integrantes da Mesa, meus companheiros da Diretoria, Presidente Paulo Odone, Luiz Carlos Silveira Martins e representantes das torcidas, Celso Faria. O Grêmio se faz acompanhar, além desses integrantes da Mesa e de mim mesmo, de figuras ilustres também do Grêmio como o nosso Diretor Túlio Macedo, o nosso atual técnico Evaristo Macedo, além de funcionários e diretores como meu querido Paulo Rossi e Sérgio Vasques. Senhores Vereadores que me antecederam nesta tribuna, Vereadores:  Letícia Arruda , Edi Morelli, João Dib, nosso ilustre conselheiro Wilson Santos, proponente desta homenagem. Quero de imediato fazer uma confissão, venho a esta tribuna por delegação do meu Presidente na qualidade de 1º Vice-Presidente do Grêmio e o faço com extrema emoção e explico porquê. Fui magistrado toda uma existência, pela primeira vez assomo a uma tribuna de um Legislativo. Isso, os Senhores podem crer, é uma emoção diferente para um magistrado. Tenho inveja de colegas meus que já passaram pelos três Poderes, tanto no Município, como no Estado e na República. São emoções diversas. O Juiz julga; o legislador legisla; o mandatário, o ocupante de cargo, o executivo, manda e é obedecido. Me coloco, muitas vezes, na posição do homem comum que desconhece qualquer dessas atividades, apenas cumpre e obedece. Isso me leva a meditar sobre a responsabilidade que cabe aos homens públicos que julgam, que legislam e que mandam, daí, o meu respeito especial por esta Casa. Na minha qualidade pessoal, fui ungido por uma designação do Governo da República, como magistrado; já o legislador talvez tenha a origem do seu poder de um “modus faciendi” mais nobre ainda, porque é escolha do povo. Se a toga pesa sobre o Juiz, esse mandato do povo pesa sobre o legislador e esse respeito deve ser multiplicado pelas vicissitudes que encontra na vida moderna do legislador. Esta Casa deve ser, tenho certeza, o receptáculo de todos os anseios, dos desejos, das necessidades e das amarguras do povo, como também deve ser o tambor da sua alegria, da sua satisfação e daquilo que lhe dá a felicidade e que ele é merecedor. Entendo que, já vou citar logo de saída o meu Ver. Wilson Santos, que em boa hora se lembrou da poesia, dizendo, como João Odone, que o homem não é uma ilha e que quando os sinos dobram, não dobram por ele só, dobram por todos. E ainda tenho presentes as palavras de Wilson Santos quando desejava que esta Casa tivesse a mesma direção do nosso Clube, a mesma eficácia e a mesma eficiência do seu grupo funcional. Devo dizer ao Wilson Santos que também já pensei nisso ao reverso, porque o esporte, e em especial os clubes, se constituem num universo em miniatura da esfera pública, porque política se faz no âmbito familiar, no âmbito esportivo e, mormente, na esfera pública. Mas, política como arte nobre, arte de conviver, de harmonizar o contraditório. Portanto, essa emoção se justifica, e quando recebi essa delegação do meu Presidente, tive presente tudo isso que agora posso passar aos nobres Vereadores.

Venho observando através de estudos, através de acompanhamentos do desdobramento político do mundo - e já citei isso, numa certa feita, num discurso por ocasião do aniversário do nosso Clube - e destaquei, o Presidente Paulo Odone deve ter lembrança, quando Presidente do Conselho o Ministro João Abreu, destaquei a hegemonia no mundo dos homens que vêm do esporte, daqueles que são egressos do esporte. Isso na Europa, Estados Unidos, no 1º Mundo e no 3º Mundo, porque é bom lembrar que assim como os homens públicos ao deixar de sê-lo passam, às vezes, a ser desportistas, os esportistas também ascendem à esfera pública, quando não simultaneamente. Essa confluência de vontades representa aquilo que de nobre o homem tem e faz com que cada vez mais eu esteja ligado ao meu Clube, porque lá é uma miniatura, é um universo pequeno, inclusive de política, temos representantes de todos os partidos.

Agradeço, antes de tudo, ao meu Presidente que me deu oportunidade de, nestas breves palavras agradecer essa tocante homenagem que nos presta a Câmara de Vereadores de Porto Alegre. Muito obrigado,  Presidente.

(Não revisto pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE: Gostaria, neste momento, de fazer a entrega ao Dr. Paulo Odone de Araújo Ribeiro de um exemplar da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre.

 

(A LOM é entregue ao Dr. Paulo Odone.)

 

O SR. PRESIDENTE: Nada mais havendo a tratar, encerro os trabalhos da presente Sessão.

 

(Levanta-se a Sessão às 18h29min.)

 

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